Dia, 7 de Agosto. Ano, 1974. Nova Iorque. World Trade Center. Torre Norte.
A 417 metros de altura Philippe Petit coloca o pé sobre o cabo de aço previamente montado com a ajuda de três companheiros. Durante os 45 minutos seguintes, e por oito vezes ele vai realizar o percurso de ida e volta entre as duas torres. Com nada mais do que ar a protegê-lo de uma queda. E uma vara de oito metros e dez quilos como contrapeso. Quatrocentos e dezassete metros abaixo dele, o chão de Nova Iorque. E uma multidão que se vai reunindo, boquiaberta e com nítidas dificuldades em entender que coisa é aquela que permanece estranhamente suspensa no vazio que intermeia as torres que só muito recentemente preenchem um céu nova-iorquino em constante mudança. Seis meses antes, em Janeiro, Philippe tinha feito a sua primeira viagem a Nova Iorque. Ficara deslumbrado com a visão daqueles dois monólitos que verticalmente se imponham no perfil da cidade. A vontade da proeza que meio ano mais tarde viria a cometer deve ter surgido quase instintivamente. Afinal de contas elas, as torres, sempre “estavam ali”, então porque não atravessá-las? O risco inerente à missão era apenas uma parte da tarefa. Durante os seis meses seguintes, a preparação tem lugar. É preciso recolher toda a informação possível sobre as torres, que estavam apenas parcialmente terminadas, embora já oficial e pomposamente inauguradas a 4 de Abril do ano anterior, 1973, pelo então presidente Nixon. Plantas, fotos, desenhos, inclusive uma maqueta que ocupava parte considerável do pequeno apartamento de Petit em Paris. Ignorando todos os avisos e reticências de seus amigos e companheiros a missão estava em curso. Era preciso agora fazer o reconhecimento factual e presencial dos edifícios. Conhecer as rotinas da segurança - o complexo tinha o seu próprio posto de policia, tal era o número de pessoas que diariamente usufruíam do edifício, em trabalho ou de passagem rumo ao miradouro ou ao restaurante que existiam respectivamente nas torres sul e norte. Seria necessário levar todo o equipamento para o topo das torres sem despertar qualquer indicio de suspeita nos guardas e na segurança privada do complexo. Esta seria de longe a tarefa mais complicada. Tal como um ladrão de bancos, cuidadosamente ele planeara o seu golpe. A recompensa, essa, seria outra que não a monetária.
A 417 metros de altura Philippe Petit coloca o pé sobre o cabo de aço previamente montado com a ajuda de três companheiros. Durante os 45 minutos seguintes, e por oito vezes ele vai realizar o percurso de ida e volta entre as duas torres. Com nada mais do que ar a protegê-lo de uma queda. E uma vara de oito metros e dez quilos como contrapeso. Quatrocentos e dezassete metros abaixo dele, o chão de Nova Iorque. E uma multidão que se vai reunindo, boquiaberta e com nítidas dificuldades em entender que coisa é aquela que permanece estranhamente suspensa no vazio que intermeia as torres que só muito recentemente preenchem um céu nova-iorquino em constante mudança. Seis meses antes, em Janeiro, Philippe tinha feito a sua primeira viagem a Nova Iorque. Ficara deslumbrado com a visão daqueles dois monólitos que verticalmente se imponham no perfil da cidade. A vontade da proeza que meio ano mais tarde viria a cometer deve ter surgido quase instintivamente. Afinal de contas elas, as torres, sempre “estavam ali”, então porque não atravessá-las? O risco inerente à missão era apenas uma parte da tarefa. Durante os seis meses seguintes, a preparação tem lugar. É preciso recolher toda a informação possível sobre as torres, que estavam apenas parcialmente terminadas, embora já oficial e pomposamente inauguradas a 4 de Abril do ano anterior, 1973, pelo então presidente Nixon. Plantas, fotos, desenhos, inclusive uma maqueta que ocupava parte considerável do pequeno apartamento de Petit em Paris. Ignorando todos os avisos e reticências de seus amigos e companheiros a missão estava em curso. Era preciso agora fazer o reconhecimento factual e presencial dos edifícios. Conhecer as rotinas da segurança - o complexo tinha o seu próprio posto de policia, tal era o número de pessoas que diariamente usufruíam do edifício, em trabalho ou de passagem rumo ao miradouro ou ao restaurante que existiam respectivamente nas torres sul e norte. Seria necessário levar todo o equipamento para o topo das torres sem despertar qualquer indicio de suspeita nos guardas e na segurança privada do complexo. Esta seria de longe a tarefa mais complicada. Tal como um ladrão de bancos, cuidadosamente ele planeara o seu golpe. A recompensa, essa, seria outra que não a monetária.
Hoje o vazio sobre o qual pairou Philippe é diferente. As torres, que se esperaria que perdurassem ao feito do funâmbulo já lá não estão. Caíram subjugadas pelo peso da ignorância, da estupidez, da maldade e da crueldade de outros homens, com outros propósitos. Outros ideais.
O filme sobre a proeza de Philippe Petit estreou recentemente.
Entre vários prémios a ele atribuídos, encontra-se o Oscar de melhor Documentário na cerimónia deste ano. Em Portugal o filme está em exibição apenas em duas salas de Lisboa.
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