novembro 25, 2009

Homo nescìus

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"- Néscios em sentido estrito, no sentido latino de nescìus, o que não sabe, o que é falto de ciência, ou, como diz o vosso dicionário, conheces a definição que dá?, «Ignorante e que não sabe o que podia ou devia saber», repara bem: o que podia ou devia saber, quer dizer, o que ignora conscientemente e com vontade de ignorar, o que se recusa a documentar-se e abomina aprender. O satisfeito incipiente. E é assim, para néscias, que que se educam as pessoas desde a infância, nos nossos países tão pusilânimes. Não é uma evolução nem uma degeneração naturais, não é acidental, mas sim algo procurado, deliberado, institucional. Todo um programa para a formação de consciências, ou para a sua anulação."
Javier Marias, O teu rosto amanhã, Febre e Lança; Ed. Dom Quixote, 2005
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novembro 19, 2009

Consumir de preferência antes de:

" Somewhere, somehow, everything comes with an expity date. Swordfish will expire. Meat sauce will expire. Even Glan Wrap will expire. I wonder if there's anything in the world that won't expire?"

Wong-Kar-Way, Chungking Express

outubro 28, 2009

o país do quase

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Mais uma vez, descobrimos a fragilidade deste pobre país que, de vez em quando, se fascina consigo próprio e acredita nos seus sonhos. Trabalha pouco, mal e é desorganizado, mas está sempre pronto a usufruir, com deleite, do que ainda não ganhou. E tem uma fé ilimitada na sua excelência. Tem este país enormes ímpetos, mas parece estar sempre a morrer na praia. Fez quase uma revolução industrial. É quase alfabeto. Tem quase uma democracia. Está quase integrado na Europa. Depois de ter feito uma das mais absurdas guerras do século XX, fez uma descolonização que apelidou de “exemplar” e uma revolução que designou como a “primeira da nova era”. Viu depois que a descolonização foi um desastre e que a revolução fora obsoleta, mais própria dos alfarrábios. Com a guerra, a revolução, a contra-revolução, a nacionalização da economia e a respectiva reprivatização, Portugal perdera talvez vinte ou trinta anos. E perdeu gente, recursos, energias, poupança e confiança. Tudo isso custa muito a recuperar. A Constituição, “a mais avançada do mundo”, teve de ser revista seis ou sete vezes e ainda hoje é uma vinheta fidedigna do subdesenvolvimento político e cultural. Mais tarde, com o paternalismo devido, foi o país qualificado de “aluno exemplar” da Europa. Além de aplicado, crescia e melhorava à vista de todos. Não durou muito. A partir do princípio do século XXI, ficou o mais atrasado, o mais lento e talvez o mais endividado. Crescemos menos do que a Espanha desde 1998 e menos do que a União Europeia desde 2001. Temos, na saúde, talvez o sector da vida colectiva que melhores indicadores revela, dos cuidados às mortalidades. Mas a educação, paixão proclamada pelos políticos provincianos, cresceu tanto em números, quanto piorou em qualidade e seriedade. E a justiça continua de rastos.
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outubro 13, 2009

Two Lovers

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(...)
You can't always get what you want
But if you try sometimes well you just might find
You get what you need
Rolling Stones


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outubro 07, 2009

Sambarquitectura

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Na Rocinha, a maior favela da América Latina, vivem entre 150 e 200 mil pessoas.
As ruas têm em média 1.20m de largura.
A maior parte da população é analfabeta e o tráfego de droga é uma das principais actividades. Existiam apenas três escolas. Esta é a quarta.

Documentário realizado por um estudante de arquitectura acompanhando (e integrando) o processo de construção da escola.



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setembro 26, 2009

Dia de reflexão

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"Portugal: a realidade anestesiada

DEPOIS da surpresa que representaram os resultados das eleições para o Parlamento Europeu, em Portugal já ninguém se atreve a fazer prognósticos sobre as eleições legislativas do próximo domingo, 27 de Setembro. As certezas dissiparam-se; apenas uma parece credível: o próximo governo (de direita ou de esquerda) será de maioria relativa, o que poderá dar lugar a um futuro de instabilidade governativa. Entretanto, as sondagens, que dão uma ligeira vantagem aos socialistas, parecem corresponder melhor à realidade, de uma possível vitória do PS, que as sondagens anteriores às eleições de Junho, desmentidas pela séria derrota do partido no poder a favor da oposição (PSD, social-democrata, e BE, da extrema-esquerda). A desconfiança geral dos eleitores, dos políticos e dos politólogos em relação às sondagens talvez não tenha justificação neste caso.

E a razão é que o voto de Junho foi um voto de punição do governo de Sócrates, um voto contra a debilidade da sua política social, a sua arrogância, o seu autoritarismo, que humilhou várias classes profissionais (como os professores, que por duas vezes conseguiram fazer mais de 100 mil pessoas sair às ruas em Lisboa, sem que isso tivesse modificado a política do executivo), contra as reformas que fez e as que não fez, contra o desemprego galopante e a política económica. Fartos de fazer sacrifícios para nada, os portugueses votaram em bloco contra o poder socialista (e não nas questões europeias). Foi o voto de uma população irritada, que foi especialmente significativo por a oposição estar dividida e desorganizada. Foram os cidadãos portugueses e não os partidos que derrotaram o PS; foram as questões nacionais que os motivaram, e não as relações de Portugal com a União Europeia.

Desta forma, de certo modo, os portugueses já votaram nas eleições legislativas. E castigaram quem tanto os maltratou. Está feito. No entanto, isto levanta um problema. E agora? Que sentido - simbólico e real - dar ao voto do próximo domingo? A questão põe-se sobretudo porque a vitória do PSD e do BE em Junho representou mais um voto negativo no PS que uma afirmação positiva dos partidos da oposição.

Isto explica em parte a falta de entusiasmo que se está a observar nesta campanha em comparação com o que observámos nas europeias. Agora não há estímulos, não há razões evidentes para votar contra Sócrates, por Ferreira Leite (PSD) ou por Louçã (BE). Isto não só porque os sinais do fim da crise começam a manifestar-se, mas sobretudo porque o clima político mudou de forma decisiva. Hoje o eleitor não sabe bem em que realidade se situa, vivendo, mais inconsciente que conscientemente, numa atmosfera irreal, em que os discursos, os debates e os programas políticos não são credíveis, em que as promessas de futuro são vagas e dependem de um contexto completamente desconhecido.

Os debates na televisão não ajudaram a esclarecer nada. Os políticos desapareceram de cena, deixando um espaço mediático-político ocupado quase exclusivamente pelos líderes. É como se os partidos actualmente tivessem um único responsável, um só chefe. E o que conta é a sua imagem (mais que o seu discurso, a sua visão política ou os seus argumentos). Numa palavra, o tempo deteve-se, o futuro desapareceu como dimensão fundamental da motivação, isto é, da esperança e da adesão a um programa. Os portugueses vivem a política sem um verdadeiro compromisso, porque o real foi afastado da discussão dos problemas de que a vida depende.

Há um factor que impera no meio da apatia geral: a imagem do líder. Acontece que esta imagem não é das que devem corresponder às qualidades de liderança de um político, mas o conjunto dos seus traços psicológicos ou caricaturais: a nova bonomia de Sócrates (que parece agora um "português suave", que ouve e respeita os outros, faz concessões e compreende o mal-estar de certas classes de portugueses, em contraste com a sua imagem de "animal feroz", como ele próprio anteriormente se caracterizava), o penteado ou os erros de português de Manuela Ferreira Leite, a maneira de vestir de Portas (CDS, direita conservadora), os óculos de Louçã (BE).

Por outro lado, produziu-se bruscamente uma bipolarização da imagem. Segundo o discurso de Sócrates, a única coisa que conta é a luta entre os "dois candidatos a primeiro-ministro", ele próprio e a líder do PSD; o actual primeiro-ministro omite que se trata de uma eleição de deputados ao parlamento nacional e que há outros partidos na liça. Esta maneira de apelar ao voto útil - que está a contaminar todos os partidos, grandes e pequenos - contribuiu para fazer em pedaços a discussão política, isolando os partidos, encerrando-os em si mesmos, voltando-os uns contra os outros. Acabou-se o verdadeiro debate, que supõe uma comunidade política, laços entre os partidos (para futuras coligações ou eventuais rupturas), argumentos ouvidos e modificados.

Tudo isto desapareceu e o espaço político desta campanha vai-se reduzindo cada vez mais a um panorama de grupos políticos atomizados com um único objectivo: obter o maior número de votos, roubando o mais possível a todos os outros partidos. Foi assim que morreram as discussões importantes e se desvalorizaram e suprimiram problemas decisivos do Portugal de hoje: da liberdade de expressão e das pressões políticas sobre as empresas ao caso Freeport, passando pela corrupção, pelas disfunções dos órgãos de soberania, pelo desemprego - em subida exponencial -, pela pobreza de 2 milhões de portugueses, pelo aumento da dívida externa, pelo futuro das reformas já iniciadas e propostas. A perda de interesse pelos problemas sérios representou um ganho extraordinário para o poder. O poder pelo poder. Enquanto este clima entre os partidos se vai instalando, os eleitores portugueses vão ficando cada vez mais desmotivados e politicamente anestesiados. Como foi possível chegar a esta situação?

Já recordámos vários factores com relevância na mudança de imagem do líder socialista - mudança radical, que teve um efeito também ele radical: foi abolida a verdadeira conflitualidade em toda a campanha. As críticas aos adversários foram atenuadas, perderam perspicácia, moldaram-se à moderação e à contenção da nova imagem de Sócrates - e chegaram mesmo a tornar-se reverentes, interessando-se quase só pelos temas e pelas questões propostas por Sócrates para discussão, deixando para trás as que ele evitou. Formou-se assim um escudo, uma espécie de barreira de rejeição que paralisou e condicionou os adversários e todo o clima da campanha. Isto aconteceu sobretudo porque o governo aproveitou para relançar o "Estado social", com uma miríade de iniciativas pontuais de ajuda aos mais desfavorecidos, aos estudantes, às pequenas e médias empresas, dando a ideia de uma política "que pensa nas pessoas". A oposição ficou desarmada. E o cidadão comum viu-se rodeado de múltiplos impasses duplos (estar contra Sócrates é estar contra si mesmo, votar em Sócrates é acreditar que a sua política mudou, tal como a sua imagem...). Ora o duplo impasse leva ao colapso emocional ou à anestesia da realidade. O povo português escolheu a segunda.

Com a continuação, com tantos fogos--de-artifício sem resposta da oposição, a indiferença instalou-se com a ajuda desta oposição, incapaz de se opor ao poder propagandístico-mediático de Sócrates, que conseguiu refrear a raiva que o derrotou nas eleições europeias, e incapaz também de canalizar esta última (que foi além do âmbito partidário) para um confronto de política nacional institucionalizada.

Tudo isto beneficia Sócrates. Não sei se beneficia o povo português, que, de resto, não é simplesmente uma vítima, mas também o responsável pelo que lhe acontece."

José Gil, Jornal i, 25-09-09
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setembro 20, 2009

agosto 31, 2009

O grande PDE

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"São 700 000 funcionários, cerca de 3 400 000 reformados, perto de 350 000 titulares do RSI, uns 300 000 desempregados e outros centos de milhares de subsidiados diversos, num total superior a 6 milhões de indivíduos.
Isto é: temos estes 60 a 70% de eleitores inscritos, que são militantes atentos e empenhados do ‘Partido do Estado’!
Quem vai ‘tocar-lhes’, num prazo que ainda possa ser útil?
"



H. Medina Carreira, Correio da Manha
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agosto 29, 2009

Em nome da gripe



Até que ponto a voragem informativa e mediática, a obsessão com actualizações diárias sobre os números da (mais recente) gripe (das aves, suína, H1N1, A, e outras que tais) estão não apenas sobrevalorizados como desproporcionados em relação a uma lógica temporal mais larga. Por exemplo em relação aos números de um surto gripe "normal" e sazonal? Segundo o informava o jornal Público recentemente, no Inverno passado registaram-se mais de 700 mil casos de gripe. Pergunto se alguém se recorda de tamanha voragem informativa por meados do inverno passado. Não. Ela pura e simplesmente não existiu. Porquê? Quem tira partido deste clima de medo e alarmismo em redor de uma suposta pandemia?




agosto 19, 2009

Sily season

Nietzsche and Schopenhauer go to América


agosto 14, 2009

Bang bang




"Os mediocres nunca estão sós, e a mediocridade é um sistema"

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julho 27, 2009

Diz que é uma espécie de crítico



"(...) O edifício de Siza Vieira distingue-se pela famosa pala suspensa, mas, excluindo-a, o que sobra faz lembrar as escolas primárias que o Estado Novo construiu nas antigas colónias africanas. Uma espécie de Bauhaus em pobrezinho."

O iminente (e subvalorizado) Eduardo Pitta em mais um exercício de perspicaz e pertinente critica arquitectónica.

julho 24, 2009

Ontem como hoje


"It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair, we had everything before us, we had nothing before us, we were all going direct to Heaven, we were all going direct the other way— in short, the period was so far like the present period, that some of its noisiest authorities insisted on its being received, for good or for evil, in the superlative degree of comparison only. "

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julho 03, 2009

A semântica de um par de cornos

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"
The television screen is the retina of the mind's eye.
Therefore the television screen is part of the physical structure of the brain.
Therefore whatever appears on television screen emerges as raw experience for those who watch it.
Therefore television is reality.
And reality is less then television (...) "

Videodrome, David Cronenberg. 1985

junho 24, 2009

And with this I rest my case

"Uma coisa porém saltava à vista: eram os seus olhos sublimação de todo o seu ser; não era preciso ir mais longe: era ali que ela morava." Thomas Hardy, Um par de olhos azuis

(Graças a Deus)

maio 07, 2009

Em Arquitectura nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.

"Escocia es una tierra... no es una serie de ciudades.
El parlamento debería ser capaz de reflejar la tierra que representa.

El terreno abierto.
Esta imagen es crucial para comprender las posibilidades del terreno.
La misma tierra será un material, un material construtivo físico.
Nos gustaría que las cualidades que turba presta al agua y a la hierba fuesen la base del nuevo Parlamento. De este modo se marca una distancia conceptual con respecto al Holyrood Palace. Mientras que el palacio es un edificio situado sobre el paisaje, vinculado a la tradicion de cultivo de jardines, el nuevo Parlamento Escocés quedaría encajado en la tierra."

Enric Miralles, Abril 1999

maio 03, 2009

A leitura da História


António Barreto, Público - 03.05.09

(...)
No fim dos discursos, em aperitivo para o beija-mão e os cumprimentos de função, cantou-se o hino nacional. De pé, os nossos representantes tentaram recordar e trautear aquelas heróicas e obsoletas palavras. Sobretudo, esforçaram-se por não desafinar. Pois bem, nesse momento solene, algo de extraordinário aconteceu. Ao mesmo tempo que soavam as últimas estrofes da canção nacional, nos enormes ecrãs de plasma, pendurados nas paredes do hemiciclo, começam a ser projectadas fotografias. Em particular, a que se viu depois reproduzida nos jornais: algures, na sede da PIDE ou da Censura, em Abril de 1974, um soldado retira das paredes uma fotografia de Salazar. Inesquecível! Absurdo!
(...)
Dizem que é preciso recordar. Reler a história recente para que a ditadura não volte. Gritar “nunca mais”, para que nunca mais seja. É exactamente o contrário. A falta de capacidade de respirar livremente, sem recordar os fantasmas, é a vontade de viver amarrado ao passado. Este regime é débil, porque não encontra em si próprio, nos seus méritos, razão suficiente para se legitimar e justificar. Para se assumir sem inventar ou ressuscitar inimigos. Esta insegurança revelada pelos dirigentes políticos contrasta com a certeza de muitos cidadãos. Inquéritos recentes mostram os sentimentos dos portugueses. Querem a liberdade. Não necessitam de fantasmas para se sentirem livres. Ponto final.


Artigo completo aqui

maio 01, 2009

Ayrton Senna

21 Março 1960 - 01 Maio 1994


Aquele primeiro de Maio ficará para sempre gravado na memória. Num único fim de semana negro e absolutamente trágico, entre as corridas de qualificação e a prova no circuito de Imola, em Itália, morreram dois pilotos - Roland Ratzenberger e o próprio Senna, um outro saiu gravemente ferido - Rubens Barrichello, e foram feridos seis espectadores e quatro mecânicos em sequência de diferentes acidentes. Restam as recordações do extraordinário piloto e atleta que era Ayrton, numa altura em que as corridas se decidiam em grande parte graças à perícia e estofo físico e mental dos pilotos.
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A primeira vitória (e a primeira pole-position) numa corrida de Formula1, no circuito do Estoril, em 1985 a bordo do mítico Lotus decorado com a publicidade de John Player Special. Os comentários são do próprio Senna.
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Aqui uma das inúmeras e memoráveis prestações, já a bordo do Williams-Renault, na volta de arranque do Grande Prémio da Europa, no circuito de Donington Park, em Inglaterra, onde saindo do quarto lugar na grelha de partida ultrapassou respectivamente Damon Hill, Carl Ehneiger e Alain Prost, chegando à recta da meta para a segunda volta já no primeiro lugar.
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A fatídica volta em Imola

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abril 26, 2009

O governo da esperança

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(...)
"Add all this up and the case for optimism fades quickly. The worst is over only in the narrowest sense that the pace of global decline has peaked. Thanks to massive—and unsustainable—fiscal and monetary transfusions, output will eventually stabilise. But in many ways, darker days lie ahead. Despite the scale of the slump, no conventional recovery is in sight. Growth, when it comes, will be too feeble to stop unemployment rising and idle capacity swelling. And for years most of the world’s economies will depend on their governments. "

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abril 19, 2009

"Cada vez mais penso que Portugal não precisa de ser salvo, porque estará sempre perdido como merece. Nós todos é que precisamos que nos salvem dele. Mas sabe que não há maneira fácil?"


Correspondência Sophia-Jorge de Sena 1958-78; Guerra e Paz




abril 18, 2009

Ler o pensamento

Paulo Moura, Público – 17.04.09

"A velocidade a que é preciso escrever nos blogues, no Facebook, no Twitter, elimina qualquer mediação critica, qualquer autocensura à expressão do que nos passa pela cabeça. É a velocidade do pensamento. E é ele, o nosso pensamento, que estamos a colocar à disposição de todos.
O que afinal não está a trazer nenhuma revelação. Abdicamos da nossa privacidade, não só no que diz respeito aos actos, mas agora também ás intenções, e não é o fim do mundo. Não há surpresas. Excepto a de querermos ler o pensamento dos outros. Por que estamos tão ávidos agora de uma coisa que nunca nos interessou?(…)"


Também aqui:
http://reporterasolta.blogspot.com/
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Para quando a demissão Sr Primeiro-Ministro ?

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Num outro país, com um poder judicial eficaz, célere e eficiente este tipo de suspeições, entre outras que se têm multiplicado ao longo do mandato do actual Primeiro, seriam razão mais do que suficiente para a pura e simples demissão da pessoa no cargo. E a isto não se chama perseguição politica. Chama-se simplesmente transparência.

Não é possível, não é admissível que num regime supostamente democrático este tipo de suspeições sejam aceites ou pior ainda sejam deixadas assim a levitar no espaço mediático. E o mais chocante em toda esta situação é a incompreensão por parte dos responsáveis políticos, pois o que está em causa não é o SEU bom nome ou honorabilidade - que, já agora se defende nos tribunais e não pela intermediação dos média - o que está em causa é o cargo politico em si mesmo.

Os cargos políticos de maior relevância e responsabilidade, como é o de Primeiro-Ministro devem pura e simplesmente estar a salvo e serem de todo o modo impermeáveis a este ou outro tipo qualquer de suspeições. Este ambiente de dúvida e desconfiança contínua por parte dos cidadãos e eleitores sobre aqueles que têm o poder e a responsabilidade da governação, seja ela municipal ou nacional, não tenhamos dúvidas, mais tarde ou mais cedo vai tornar-se insuportável e insustentável. As consequências serão trágicas. Vivemos num país, e isto é doloroso de admitir, na borda do precipício.
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abril 14, 2009

O Jesus entre as favelas

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A área em causa: (a vermelho o santuário do Bom Jesus)
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Para mais pormenores: Avenida Central (comentários incluídos)

abril 13, 2009

Pritzker 2009

"Beauty comes with time. At first, there's the process of talking, feeling, evoking images and questions: what emotions are inspired by this image? And that one? What recolections does it call's up? It has to be asked over and over again - what emotions are brought about a specific thing. The first question pertains to the first emotion, and only the next one to intellectual refection. The sphere of emotions is much larger than intellect." in Casabella 719


abril 12, 2009

A democracía na América


A grandeza e superioridade moral de um país vêem-se aqui. Onde, em que outro país, em que outro lugar do mundo pergunto eu era possível assistir-mos a 16 minutos da ironia e posicionamento crítico de um dos melhores e mais talentosos comediantes ao governo do seu próprio país tendo ao seu lado do presidente e da primeira dama, e à sua frente uma plateia constituída pela elite cultural desse mesmo pais. Só numa nação tão vasta e com tamanha autoconfiança isto era possível. A forma seca, clara, quase brutal como as coisas são ditas é absolutamente impressionante.

São 16 minutos de pura e transparente democracia. Não é perfeita? Não. Mas lá isto é possível:


abril 08, 2009

Outras casas (2)

Casa Hemeroscopium
Arqtº Anton Garcia Abril




"Hemeroscopium é o lugar para os gregos onde o sol se põe. É uma alusão a um lugar que só existe sobre os sentidos, que se deslocam e ainda é um verdadeiro lugar. É delimitada pelas referências do horizonte, por fronteiras físicas, definido pela luz e ocorre ao longo do tempo. (...)

Da memória do projecto




O processo de planeamento e construção da casa:
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abril 06, 2009

Extraterritorialidade

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Profissional e politicamente, a minha carreira converge para uma certa extraterritorialidade; nem capitalista nem proletária, pensava instalar-me no campo da teoria e progredir quanto à capacidade de teorizar. Explicar os factos aos burgueses e a verdade ao povo compete à posição intermédia do intelectual, que, não sendo patrão nem operário, ocupa um lugar exterior quanto às forças em confronto.

Agustina Bessa Luís; Dicionário Imperfeito, Guimarães Editores

abril 03, 2009

Meios de transporte e ocupação do território - um retrato português

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Na sequência desta noticia sobre o aumento no volume de emissões de gases para atmosfera, nomeadamente em relação aos transportes rodoviários, e no inevitável aumento da poluição sonora e da destruição de habitats e provavelmente o comprometimento da flora e fauna nas suas proximidades, seria importante até pelos investimentos de grande escala que estão previstos para os próximos tempos ( e estou a falar nomeadamente do TGV, do novo aeroporto de Lisboa, da actual fase da rede rodoviária nacional, entre outros) olharmos para o panorama de deslocamentos viários e populacionais em Portugal.
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Analisando o relatório da EEA ele traz algumas conclusões interessantes para percebermos quanto o nosso estilo de vida e a nossa relação com o território que ocupamos e onde vivemos é neste momento tão desequilibrada e tantas vezes irracional.

Olhemos então para os números e para os factos: (os números são do ano 2000)
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Um português percorre em média ao longo do ano 29 km em bicicleta. Um número razoável quando comparando com espanhóis e luxemburgueses. Olhando para cima é no entanto abismal a diferença para com o topo da tabela. Um dinamarquês percorre em média 936 km em cima de uma bicicleta por ano. Sim (agora por extenso) novecentos e trinta e seis quilómetros por ano. É caso para pensar, ginásio para quê...
Saltemos da bicicleta e caminhemos um pouco. O português em média faz 342 km de caminhadas e passeios por ano. Neste particular os luxemburgueses abandonam a nossa companhia e saltam para o topo. Fazem mais de 100 km extra em comparação com um cidadão em Portugal, são 452 km anuais de ténis e sapatos gastos no Luxemburgo.



gráfico 1 - nº de km percorridos em bicicleta, por pessoa

gráfico nº 2 - nº de km percorridos a pé, por pessoa
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Outros dados que merecem o cuidado e a interpretação são por um lado o montante investido na rede de transportes e por outro lado forma e o meio que as pessoas usam para se deslocarem.
Em primeiro lugar (gráfico 3) é possível perceber a discrepância entre os valores investidos ao longo da ultima década e meia em caminhos de ferro e em estradas. Se por um lado esse valor aumentou de forma proporcional em relação a ambos os casos (quadruplicou) por outro lado a diferença entre os fundos monetários utilizados para a rede viária é mais de quatro vezes superior aqueles investidos para a rede ferroviária nacional. Isto teve como consequência quase imediata e natural um aumento na preferência pelo transporte individual - automóvel - em detrimento dos transportes colectivos, rodo ou ferroviários. Em 1992 as opções de transporte e deslocação estavam assim organizadas: (gráfico 4)
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54.6% dos portugueses deslocavam-se de automóvel,
20.5% de autocarro
11.3% de comboio
13.7% por avião

já em 2004 os valores eram os seguintes:
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68.7% dos portugueses deslocavam-se de automóvel,
11.1% de autocarro
3.8% de comboio
16.5% por avião
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A comparação é deveras clara e arrasadora. nos últimos 15 anos os portugueses progressivamente preferiram o transporte individual ao colectivo. Pior ainda o mais poluente (automóvel e avião) ao menos poluente (autocarros e comboio)
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gráfico 3 - Investimentos realizados na rede viária e ferroviária entre 1992 e 2004

gráfico 4 - transporte de passageiros nos diversos meios de transporte em %

Em conclusão, a ocupação do nosso território disponível é feita na grande maioria dos casos de uma forma irresponsável e ilógica. De igual forma nenhuma das nossas grandes cidades foi ou está preparada para o fluxo automóvel que recebe e nela transita diariamente. Isto é claro pela forma e traçado das principais vias que atravessam e na maioria dos casos "rasgam" as nossas cidades, acentuando diferenças e disparidades sociais e económicas. O automóvel chegou tarde e impôs-se não só como forma de deslocação de pessoas e mercadorias, mas, e este é o aspecto mais importante, como assunção da individualidade. Da liberdade. Liberdade de movimento e de afirmação pessoal e profissional. Ter um automóvel próprio significa possibilidade de movimentação livre e descomprometida. Significa igualmente maior proximidade profissional, familiar e intersocial. É este paradigma actual que deve ser colocado em causa.

O relatório é de 2008 e está disponível aqui

março 31, 2009

A vitória moral

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Hoje é foto de capa nos mais importantes jornais diários deste país a prestação de um desportista numa competição internacional. E que feito conseguiu esse atleta para merecer tal honra?

"Deu que fazer" ao adversário.

Tive o prazer de acompanhar o jogo em directo. Porque sou fã do desporto em causa. Porque o já pratiquei. A evolução do Frederico Gil em sido muito interessante. Principalmente nos tempos mais recentes. É um facto. Não está em causa. Está em causa isso sim o tratamento dado à noticia. E que noticia é essa? Que ele perdeu. Que ele não ganhou um único set. Mas, atenção, ele deu trabalho ao número um do mundo. Chateou-o. Manteve-o ocupado durante quase 90 minutos. É obra!

Não raras as vezes sinto que muitos portugueses acham que não serão, que não têm capacidade para mais do que isto: serem matéria e motivo de troça.

Eu por mim gostava que da próxima vez que ambos se encontrem em competição, a luta fosse outra. Os objectivos fossem outros. Que se lute pela vitória. Abertamente.

Porque essa é a única luta que interessa. Tudo o resto são apenas as pedras do caminho. Embora nem todos tenham a capacidade para tal trajecto.
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março 30, 2009

Uma revolução caseira

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Num momento onde a super abundância e variedade de alimentos caracteriza uma parte significativa da nossa (Ocidente) forma de viver, mas onde poucas pessoas se questionam sobre as rotas e as proveniências dos alimentos que temos à nossa disposição num mercado normal e onde cada vez mais se procuram outras formas de cultivo e exploração (transgénicos) é importante passar a mensagem: How much is enough? De quanto é que necessitamos para a nossa sobrevivência saudável e para o nosso (simples) bem estar? É legitimo que para termos à nossa disposição uma (quase) infinita variedade e disponibilidade de alimentos e bens de consumo, que para isso tenhamos que comprometer a pura e simples sobrevivência e sustentabilidade de outros lugares algures no planeta, só porque estão longe? Só porque nos apetece?

É necessário passar esta mensagem. Temos direito apenas ao necessário. O supérfluo pode e deve ser reduzido ao mínimo. Em nome da segurança e do bem-estar colectivos.

março 29, 2009

O professor


A cada jogo que passa, a cada remate, em cada momento parecemos condenados ao regresso a um passado não muito longínquo.

Volta a matemática.

Voltam as desculpas.

Somos de novo a melhor selecção do mundo a jogar futebol sem balizas.

Viva Portugal!

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março 28, 2009

Pôr o carro à frente dos bois

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O que me incomoda no projecto do novo museu dos coches não é o projecto do novo museu dos coches. É, isso sim, o processo que está na sua génese e que lhe dá razão de existir. Obras de(o) Regime sempre as houve e vão continuar ser realizadas e pensadas(?). A arquitectura em Portugal, aquela da qual se fala, se ensina e se estuda, resulta da encomenda e do financiamento do Estado (monárquico ou republicano) e do Clero. Fora deste eixo, existem casos e obras dignas de referência é verdade, mas poucas e de contexto especifico. Note-se que, por ex., para o CCB foi realizado um concurso público (restrito, é verdade, mas ainda assim um concurso). Tal como para a Casa da Musica (dois exemplos recentes e de envergadura semelhante). Ora é aqui que reside um dos dois vectores do meu descontentamento. Entregar uma obra desta envergadura directa e solitáriamente a um arquitecto, nacional ou estrangeiro, pressupõe (ou devia…) um conhecimento da sua obra, da sua metodologia de trabalho. Supõe que o resultado final será sempre do “agrado” do promotor (sendo esta como é uma encomenda pública). Devia, isso sim, ter sido realizado um concurso (aberto ou restrito, enfim) de arquitectura para este caso. Como forma de potenciar a discussão e asserção da melhor solução possível. Mas uma vez mais, tal como aconteceu com a Casa da Música, não se aclara algo absolutamente indispensável: o programa. A sua pertinência, exequibilidade e razoabilidade – financeira e museológica. E o porquê, já agora, de ser o ministério da Economia (!?) a responsabilizar-se pela encomenda desta obra. Porque, e colocando-me na pele de P. M. da Rocha, se o programa é claro (de ponto de vista do promotor) e se os prazos são exíguos (2010, Comemoração do centenário da implantação da Republica), pouca coisa mais há a fazer do que pôr mãos-à-obra e dar razão à encomenda.


Via oasrs

O segundo vector do meu descontentamento prende-se com a falta de uma visão global e integrada da cidade e dos seus elementos constituintes. Esta poderia ser muito bem a oportunidade para pensar Belém e a plataforma que vai desde o Porto de Lisboa (outra bela estória…) até à Docapesca como um “Bairro de Museus” de Lisboa (com o pensamento em Viena ou Madrid, por ex). Que sentido por exemplo faz hoje toda a zona em frente aos Jerónimos não estar ainda pura e simplesmente restrita a peões e a transito especifico? E a linha do comboio? O seu enterramento neste troço poderia ser equacionado? É disto que eu falo. É disto que deveríamos falar. Porque a arquitectura começa aqui.



A cidade é de todos

Especialmente daqueles que nela trabalham, passeiam e dela disfrutam. Ou vão tentando...



Humor colorido

O ken, a barbie e os dois ursos amansados. Todos juntos num caldo de cores.



março 24, 2009

Diálogo afectivo

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- Tenho medo.
- Tens medo? Medo, mas de quê? Da morte, do escuro?
- De fazer as opções erradas. De, certo dia, num futuro mais próximo que longínquo, ao olhar pelo retrovisor me arrepender das direcções que tomei.
- Pois, mas sabes, medo de errar é receio de viver.
- Sim, eu... sei. Eu (suspiro) preciso de pessoas. Preciso que precisem de mim. Que me dêem valor, atenção, ajuda. Tu sabes, aquelas minhas carências afectivas. O que vem dos outros é sempre por acréscimo.
- Eu estou aqui. Contigo. Eu dou-te importância.

(suspiro)

Troca de olhares.

- Já agora sabes que se não me engano foi o Einstein que disse que só um homem sem imaginação é que não tem medo do escuro.
- Isso é relativo...

(sorrisos mútuos)
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março 22, 2009

Pausa publicitária

Campanha de partilha de lugares nas deslocações diárias de automóvel. Inscrição gratuita em: http://www.energiapositiva.pt/



março 21, 2009

Mudar de estação

Partir de uma simples e banal publicidade radiofónica a uma rádio nacional e conseguir criar à sua volta toda uma complexa e elaborada rede conspirativa em favor do governo da Nação e do seu suposto controlo sobre os elementos dessa própria rádio (e do marketing a ela associado, já agora) diz muito, mas muito, do tipo e da elevação da discussão politica em Portugal. E, já agora do clima social em que vivemos. A paciência, meus senhores, tem limites.
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março 19, 2009

Desafio

Seguindo o desafio da minha mui querida prima aqui deixo o enigma: seis factos sobre a minha pessoa. Quatro deles são verdadeiros, os outros dois, bem, nem tanto. Aceitam-se apostas.

1. Tenho vertigens

2. Tudo o que faço ou medito fica sempre pela metade

3. Detesto viagens. Tudo o que implique mudar de lugar e de sofá.

4. Casado. Dois filhos

5. Tenho poucas pessoas a quem chamar amigo

6. Sou honesto. Sincero. Cruel e sarcástico se possível.

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Um dia o mar

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Let it die and get out of my mind
We don't see eye to eye
Or hear ear to ear
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Don't you wish that we could forget that kiss
And see this for what it is
That we're not in love
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The saddest part of a broken heart
Isn't the ending so much as the start
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It was hard to tell just how
I felt To not recognize myself
I started to fade away
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And after all it won't take long to fall in love
Now I know what I don't want
I learned that with you
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The saddest part of a broken heart
Isn't the ending so much as the start
The tragedy starts from the very first spark
Losing your mind for the sake of your heart
The saddest part of a broken heart
Isn't the ending so much as the start
.

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março 18, 2009

A (verdadeira) face do monstro


Todos já tínhamos visto a sua cara.

A sua história havia já sido contada e escalpelizada e mentalmente anotada por todos. Os factos, os pormenores, os detalhes mais íntimos e mórbidos. E no entanto criou-se nos últimos dias este suspense pelo facto de ele não revelar a sua face. De a sonegar das vistas alheias do mundo que de repente o rodeia e por ele se interessa. Aquela capa arquivadora azul, por detrás da qual ele se refugia nada mais esconde do que a sua própria cobardia, do que a miséria do seu espírito, que, quando descoberto das muralhas de sua casa, quando despido perante as objectivas e as câmaras, não as consegue enfrentar. Por pavor de si próprio.

Mas não criemos ilusões. É um erro chamarmos-lhe monstro. É fácil, conveniente mesmo atribuirmos-lhe tal denominação. É esquecer o monstro que temos dentro de nós. É fácil erguer o dedo indicador e apontar. Puxar da imaginação e sugerir um sem número de penas, punições e castigos para os actos que ele praticou. Esquecemo-nos, ou preferimos não recordar as nossas próprias barbaridades ou os nossos crimes. A nossa ignorância. E o quanto foi essa ignorância responsável por outras tantas barbáries ao longo da História.

O silêncio que nos acompanha, aquela dose de ignorância e indiferença que todos provisionamos e armazenamos na saída de casa a caminho do emprego e da escola, rumo à cidade.

A cidade. Esse lugar agreste e desagradável onde somos confrontados com a pobreza e a solidão e o desespero de outros, humanos como nós, de carne e osso. Pele e cabelos. Talvez sem o cuidado e a atenção com que nós reservamos ao nosso próprio cabelo e à nossa própria pele.

Monstros? Somos todos monstros. Na ignorância com que levamos o nosso dia-a-dia, com as nossas miseráveis e entretidas ninharias, e os nossos problemas. E as nossas angústias.

Problemas? Quais problemas? Já levantaste a cabeça hoje? Já retiraste os olhos das pedras que diariamente amolgas e esmagas e já olhaste em teu redor? Diz-me tu, o que fizeste hoje por outra pessoa. Por alguém que não conheces e que não podes influenciar por acção directa dessa tua caridade que nada mais é do que hipocrisia e soberba. Sim. Que acção – pergunto eu, fizeste tu hoje a alguém teu semelhante, da qual nada esperes em retorno. Da qual não fiques a contar o favor. A pesar pela retribuição. Hmmm?

Amanhã, quando o sol raiar e chegar o momento de uma vez mais partires rumo à cidade não te esqueças da capa arquivadora. Azul ou de outra cor que te agrade.

Amanhã, por um dia que seja, mostra a tua vergonha e a tua indiferença pelo mundo que te rodeia.

Amanhã o monstro serás tu.

Reticências. Muitas ...

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É pá, atenção, vocês não me estraguem isto.
Por favor ok.
Este é o meu super-herói favorito.
O único aliás.


março 16, 2009

Outras casas (1)

Casa Malaparte, Capri

(...) There were quite a few problems to be solved and they were not easy. To start with, there was the positioning of the house to consider, because a choice had to be made between the two winds which often sweep across the area, from the North West and the South West . And I preferred to tackle them sideways on, by positioning the house so that its corners would bisect the four points of the compass. As regards the shape of the house, this was dictated by the formation of the rock, by its structure, by its gradient, and by the ratio between its sixty metre length and its twelve metre width. I went for length, making it ten metres wide and fifty four metres long. And since there is a certain point where the rock is linked to the mountain, where the crag tails off into a curve, forming something of a slender neck of rock, I decided to have a triangular stairway built there, which leads down from the upper edge of the roof terrace.


Curzio Malaparte, A house between the North-East and South-East winds



Jean-Luc Godard, Le Mépris, 1963

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Solidão

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"a solidão não é viver só, a solidão é não sermos capazes de fazer companhia a alguém ou a alguma coisa que está dentro de nós, a solidão não é uma árvore no meio da planície onde só ela esteja, é a distância entre a seiva profunda e a casca, entre a folha e a raiz. "

José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, Ed. Caminho
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Mais olhos que barriga

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